sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O NOME DA ROSA



Por MAGNO HOLANDA


     Era uma vez...

   Foi num dia muito quente e escuro... enquanto a luz brilhava lá fora, dentro de Sérgio predominava a escuridão das incertezas, negativismo e decepção..., quando se esbarrou nela, a mulher que mais o iluminou e escureceu, trouxe-lhe certezas e dúvidas. Ela era universal, ao menos na aparência: seu cabelo longo e desafinado, sua pele pura e real - sem maquiagem, seus olhos eram os mais simples e encantadores que já viu, seu sorriso revelava a religiosidade cristã e seu corpo, em uma sandália havaiana, era de uma modelo dispensada. Estava lá diante dele com um sorriso tímido, dentro daquela imagem puritana, com saia azul desbotada e uma blusa banca com pequenas listas azuis. Mas algo nela o encantava. Era incrível!
     Nos umbrais da religião tradicional, houve uma penetração de um olhar até a divisão da alma e do espírito onde os dedos e os olhos faziam esta conexão numa transferência de uma energia cósmica inexplicável, mas que não foi suficiente para que lhe trouxesse certezas, porém apenas alguns achares. Por diversas vezes encontraram-se; ora no corpo, ora no espírito, ora na alma. 
    A pobreza acompanhava a ambos, porque ele também era pobre e "pedinte", mas sempre a amou em seu silêncio tímido e perturbado. Por diversas vezes tentou declarar-se, mas... sua incerteza o impedia. Tentava de novo..., sua timidez o incapacitava e desmerecia. Neste chove e não molha, a rosa viajou, soprada por um vento, para São Paulo sem que nem mesmo lhe desse um adeus e... o coração de Sérgio ficou triste e arrependido, então com um balde de água para cima e para baixo ele viajou diversas vezes para São Paulo em vários aviões que atravessavam, como estrelas, o céu da Paraíba. Tramou ir ao seu encontro, mas não tinha coragem, tinha apenas sonhos.
     Em uma de suas viagens, Sérgio perdido, terminou encontrando-a com uma ajudinha do senhor destino que adora dar uma de santo casamenteiro. O ruim disso tudo era quando ele caía na real, pois percebia que estava tão perto no espírito, mas tão longe no corpo e na coragem.
    Sérgio vivia numa fome, miséria e solidão... até que anos depois soube por uma colega que a rosa havia retornado, então seu coração se encheu de alegrias e... incertezas. Depois de dez bem passados anos, Sérgio encontrou a rosa sem nome numa fila para receber alimentos doados pelo governo e, ambos esconderam-se para não revelar suas pobrezas e... a timidez o proibiu de falar sequer com ela. Poxa, tentei consolá-lo, mas foi muito difícil, pois acabara de saber que ela estava casada com um "inimigo" desconhecido e que era incapaz de lhe sustentar e de amá-la. Ficava dias e dias só imaginando sua perda, com ciúmes, e ligado no imaginário de como seria a relação sexual dela. A solidão o incriminou, julgou e prendeu por ter sido tímido, indeciso e pela impureza de pensar e desejar o corpo magro e pobre de uma mulher casada e infeliz. 
Ambos sumiram na imensidão do tempo... 
Nunca souberam o nome um do outro... e viveram separados para sempre...




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