Por MAGNO HOLANDA
Não sei onde nasci, mas posso sentir que ali surgi.
Não, não fisicamente, acho que em outro lugar
ali perto, mas a alma parece que nasceu ali.
Foi lá que senti as primeiras e mais
importantes emoções, tensões, solidões, vazios estomacais, crenças, descrenças,
leituras, aventuras..., sonhos sonhados, esperança utópicas...
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Comida lá, sem sal, com sal sem comida. Papa de
farinha, com margarina. Que delícia!? Garrafas de Tai, Crush, Baré... para
trocar por pão.
Brinquedos improvisados, rolimãs, carroça de
mão. Descíamos em sua pequena ladeira, enorme para nós crianças.
Ah, quando chovia, a rua tornava-se em rio. Era
uma aventura! Depois da chuva, íamos brincar de corrida de barquinhos com
semente de pé de peão.
Lá tinha futebol, no Maracanã, no Morumbi, na
esquina de Neuza, na Ezequias Trajano. Lá tinha os gols de Neto na trave do
muro de Seu Artur – Geládia, e nos jogos de time de ficha.
Lá tinha jogos de baralho, dominó todas as
noites e madrugadas. Tinha crianças diversas e vizinhos sem dó.
Lá tinha amigos sempre, de vez em quando e de
uma única vez.
Lá tinha muita fofoca. Das mulheres? Não! Os
homens dominavam essa arte feminina.
Lá todos eram divertidos: a velhinha Tida, o
psicopata, os meninos de areia, as namoradinhas, o umbigo de laranja cravo... da outra Rua.
Lá tudo era magia, energia, brincadeira de
criança, de adolescente, sem dente...
Lá tinha malhação, Airton Senna, pé de
palmeira, asneira, esmola, as estudantes que estudavam, as alunas que por ali
passavam como corredor para a escola Severino Cabral.
Por lá passavam vacas (Aliança), bois, bodes
(seu Pelé), cachorros (Lobinha), gatos (Mil, Lorem, Xaninha), gaturões (sem
penas), gaviões...
Por lá andavam crentes, macumbeiros e católicos
(respeitosos)...
Sim, por lá, naquela pista, corriam Nelson
Piquer, Airton Senna, Jean Alesi...
Por lá se ligava a grande Green Ville, sede do
maior clube de pelada campinense, o Vila Nova.
Lá parecia muito treva, na minha casa, mas com
muitos anjos nos ajudando – Dona Adalgisa, Seu Artur, Dona Maria...
Hoje ela chora a nossa ausência. Ela já não é
feliz como fora outrora, quando nos via, sorrindo, brincando de “Que rei sou
eu?”.
Lá até os postes de iluminação eram nossos amigos e participavam de nossas brincadeiras de esconde-esconde, polícia e ladrão. Quando não brincavam serviam de ponto de sinal de trânsito de bicicletas, como trave de futebol ou simplesmente eram nossos observadores contentes. Os postes da Rua Antônio de Brito Lira eram felizes.
Rua Antônio de Brito Lira, nem sei quem és (o
teu nome), mas sou teu filho.
Paraibano
(Maranhão)
A história de
Paraibano, começa no ano de 1920 com a chegada do paraibano Antônio Brito Lira
acompanhado de 6 filhos, entre estes uma mulher, onde encontraram morando em
uma cabana de palha, o maranhense José Fernandes, pobre e sozinho, que se dizia
dono das terras. Após comprar a propriedade de Fernandes, Antônio Brito
juntamente com seus filhos, trabalhou muito na produção agrícola o que atraiu
outros lavradores.
De 1920 a 1930
construíram as primeiras casas de tijolos, cobertas de telhas. Fundaram várias
casas comerciais, e com o lucro das vendas, compraram caminhões para
transportes dos produtos agrícolas para os estados do Ceará, Paraíba, etc.
Nessas viagens de
negócios, traziam mercadorias e novas famílias interessadas no desenvolvimento
do lugar, o que resultou no desenvolvimento do povoado, que pertencia a comarca
de Pastos Bons. Inicialmente o lugarejo foi chamado de Brejo devido ao clima
chuvoso. Depois passou a se chamar Brejo dos Paraibanos, em virtude da
quantidade de paraibanos ali instalados.
Em 1931, João
Brito Lira (um dos filhos de Antônio Brito Lira) resolveu organizar uma feira,
onde os moradores pudessem vender seus produtos. Isso contribuiu para o
desenvolvimento local. Com a frequência nessas feiras de pessoas dos arredores
e até mesmo da comarca de Pastos Bons, a família Brito Lira resolve em 1932,
construir a primeira casa de 1 andar, hoje conhecida como Sobrado.
Em 1937, construíram
a primeira capela para o padroeiro da cidade, a igrejinha de São Sebastião,
exatamente onde ocorriam as feiras. Anos depois vem a construção da Igreja de
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e do Mercado Público em 1945.
Em 1952, o povoado
Brejo dos Paraibanos, já estava idêntico a sua sede Pastos Bons, tendo
inclusive um comércio superior. A população deseja que o povoado passe a
elevar-se como cidade.
Começa então um
movimento, encabeçado por Antônio Diniz Barros e Guilhermino Brito Lira, que
conseguem um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas que foi apresentado ao
Deputado Antônio Gonçalo Moreira Lima, que elaborou e apresentou o projeto à
Assembléia Legislativa, acrescentado, que se aprovado o povoado se chamaria
Paraibano, em homenagem aos seus fundadores.
Em 30 de dezembro
de 1952, pela Lei 841, foi criado o município de Paraibano e instalado
solenemente em 1º de Janeiro de 1953. No dia 6 de Janeiro de 1953, foi nomeado
pelo governo estadual, o primeiro governo do município de Paraibano, o senhor
José Brito Lira (filho de Guilhermino Brito Lira).
Desmembrado de
Pastos Bons, Paraibano teve sua primeira eleição no ano de 1954 (com 2.000
votos) sendo vitorioso Nicéias Mendes Vieira, que foi empossado em 31 de
janeiro de 1955,faleceu meses depois sendo substituído pelo vice-prefeito
Antonio Ribeiro.
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