Por MAGNO HOLANDA
... uma Rua calçada, um sol enlouquecedor
de domingo à tarde e, Toni, assim como os amigos mais próximos chamavam o
Antônio, subindo-a, à procura de uma árvore, mesmo que fosse pequena, mas não
havia nenhuma ali, naquela Rua deserta de natureza. Parece que os moradores
daquela Rua são inimigos ferrenhos da natureza. Pobres almas ignorantes!!! Eu
via tudo isso aqui da janela de cima.
... mas como se diz que de todo o mal pode
se extrair um bem, então posso dizer que isso aconteceu na vida de Toni, pois
foi ali que ele viu, pela primeira vez, Magali. Sim, ela estava ali, acolá no
portão, a conversar com Pedro, amigo de Toni. Achei que estavam num papo bem
íntimo, mas não tenho muita certeza disso. Tentei sentir os sentimentos dela,
mas não consegui. Quando me voltei para
Toni, ele olhava firmemente nos olhos dela, nos seios dela. Ela não olhou tão
fixamente quanto ele, mas deu sim aquela olhada rápida e brilhosa.
Toni andava feito
coruja, com a cabeça virada para trás. Ela olhou mais uma vez, mas ele não viu.
Tentei dizê-lo, mas não pude, pois não estava lá. Estava apenas na janela aqui de
cima.
A partir deste encontro “por acaso”, Toni e
Magali se esbarram com mais frequência. Possivelmente, anteriormente, eles
passavam um pelo outro sem se perceberem. Um certo dia, ambos estavam no mesmo
ônibus, mas só se perceberam na hora de descer, então ele segue para a direita
e ela para a esquerda. Ele a olhando e ela com olhar fixo na direção que
seguia, até que próximo à esquina de sua casa, ela virou rapidamente e deu uma breve
olhadinha para ver Toni, coisa que não fazia nos esbarramentos anteriores em
que ela dava a velha rabiçaca. Ela parecia ignorá-lo, mas alguns gestos o
animava. Ele não a amava, mas sentia uma atração física e espiritual.
Certo dia, Toni estava ao portão de sua
casa, conversando comigo, mas sem ver-me, e de repente viu-a passando em frente
a sua casa, coisa que nunca acontecera antes. Na verdade, ela auxiliava a vizinha,
pois era enfermeira, mas ele nunca a havia viso por lá.
Eu sei disso. Ela, morena, linda, sorriso
de menina com seus cabelos pretos, olhar grande de mulher, brilhante, vestida
de jeans, blusa branca e sandália dourada, dá um leve sorriso. Aquele sorriso
foi o início de uma pequena, mas linda história. Toni era muito tímido, mas com
arranques de coragem. Imediatamente, com
o coração na mão, falou com ela oferecendo-lhe água. Ela sorriu mais uma vez e
disse: “Moro aqui próximo, obrigada”.
Toni não desistiu...:
- Mas a minha água é a
melhor da região, nem mesmo na sua divina casa tem água tão boa assim.
- Não acredito!
- Então prove e dê sua
opinião.
Percebi
que as energias deles já se entrelaçavam. Eles não viram como eu as vi, mas em
algum lugar dentro das mentes deles, tinham certeza do entrelaçamento dessas
energias espirituais e carnais que só os olhos sabem explicar bem.
- Tudo bem, mas só um
copo, disse ela.
-Entre, por favor!
- Não, não posso. Bebo
aqui fora mesmo.
- Por que não?
- Não, não acho certo!
- Você não vai tomar
água no meio de rua, vai?
Vi que seus olhos pulavam fora do corpo e
sua pele suava, mas não era por causa do sol quente. Era um calor interno.
-Tudo bem, mas só um
minutinho.
Ela entrou pisando naquele chão seco de
quintal repleto de mato, passou pela porta e sentou-se no sofá. Parecia bem
tensa, medrosa, confusa. Não sei se o Toni percebeu isso, mas acho que sim.
Toni, sem camisa e suado, entregou-lhe a
água que ele bebeu vagarosamente como quem queria que aquela água nunca
acabasse, parecia que estava tomando um litro. Eles conversavam sobre a vida de
ambos. Toni não conseguia para de olhar e desejar os lábios dela e, ela quase
sempre de vista baixa, tímida, dava pequena e rápidas olhada para o peito de
Toni, que pegou as mãos dela e elogiou seu cheiro.
- Obrigada!
Sorriu lindamente!
Ele cheira uma, duas, três vezes seu lindo
e sensual pescoço. Ela o abraça colocando seus braços sobre os ombros dele, mas
precisamente um pouco atrás de seu pescoço.
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Ambos se conectavam e misturavam o seu
suor. Tornaram-se uma só carne! Com gemidos e sorrisos. Depois um banho e uma
bela taça de vinho. Eles voltaram a se reencontrar diversas vezes. Ele conheceu
sua mãe e irmão e pai até. Eu vi tudo. Coisa de gente fofoqueira. Mas lamentável
que devido aos descuidos de Toni, ela resolveu não o namorar mais. Cara inconstante,
hein? Dei todo o juízo a ela.
Toni ainda tentou diversas vezes retornar
com ela, mas Magali foi firme e determinada com em tudo que fazia e não voltou
atrás. Até vi quando ele a beijou a força, mas ela foi firme: “Agora, que não
quer mais sou eu e serei sempre sua amiga com muito carinho”.
Coitado
do Toni, ficou todo sem jeito, sem chão, quase louco. Percebeu que no sexo
tivera se apaixonado por ela. Até propôs filho, mas não teve jeito. Ela estava
irredutível.
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meses depos...........................................................,
Magali encontrou um
amor, casaram-se para tristeza de Toni. Havia uma sentimento diferente entre
ambos, pois eu percebia que quando ambos se encontravam, os olhares estavam
emocionados, alegres por ver o outro. Mas estes olhares nunca mais se juntaram
novamente. Ela sumiu no tempo...........................................................................!!!
Certo dia, eu e Toni íamos dialogando,
quando um carro preto, misterioso, começou a seguir Toni. Eles não me viam, mas
eu os via. Era um homem jovem e uma senhora jovem, mas com aspectos sofridos,
olhos fundos, avermelhados. O carro parou em frente a Toni, barrando-o. pensei
que aquele fosse o momento dele. Queria interferir, mas talvez não fosse
correto. Era ela, a mãe de Magali, anunciando a morte dela há dias. Ele, ficou
chocado. Senti a pressão do coração dele. Em silêncio. Desde então, Toni, fala
com ela todos os dias. Posso dizer uma coisa: ela não está aqui nesse meu
universo e não sei se ele a vê ou vice- versa. Mas em sua ficção imaginária,
ele pensa vê-la diariamente....................................
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