sábado, 2 de dezembro de 2017

POEMA: PERNA PRETA





... ela estava ali diante da cerca..., fugidia!
... sentada ao chão quente, desnudo!!!
, com seu bebê ao colo!
        ,...........,
Dera a vida a ele...!
Dera a vida por ele, faminto,...!
Ela gritava: “pena que não comes minha carne, pois te daria de bom grado”
A negra sentada ao chão quente, desnuda!
Ela estava do lado de lá da cerca, eu, de cá! ..., olhando-a!
........................................................................, sem nada poder fazer!
Ela, ..............................., sangrando nos pés descalços, negros, cortados pela cerca de arame!
Ela,................................, derramava seu sangue preto e suas lágrimas tristes............................!
Numa pura denúncia da escuridão da alma humana, desumana!
..................................................... lágrimas escorridas sobre uma criança morta, ...., mais livre que a mãe. Agora, libertou-se dos desumanos!


Por MAGNO HOLANDA

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domingo, 5 de novembro de 2017

SOBRE TRILHOS DA LINHA DE TREM




... ele a viu por acaso, acaso do destino, ...de um fraco destino, mas destino. Ela estava ali nos corredores de uma igreja cristã, no Pedregal, na cidade de Campina Grande. Lá estavam aqueles belos olhos, ora castanho claro ora verdes, fixados nele. Seus olhos nela, completamente nela. Eu estava presente e vi tudo, até pelos olhos dele. Ele se emocionou, pude sentir isso, nas energias que vibravam no pulsar do coração. Era um misto de alegria e tristeza...
Aquela saia um pouco curta, vermelha sangue, sobre aquelas belas pernas, roliças, brancas, juvenis, enlouqueciam-nos. Sim a mim também, mas assim como ele, não podia tocá-las, embora ardesse em febre. Ele tinha o motivo dele, eu tinha o meu. Tudo o que ele queria era tê-las e, os olhos de Andréia as ofereciam, mas ele não podia. Nem eu.
... e tinha vergonha de não poder...
Ao final daquela festividade religiosa, ele, Tony, a perseguia ao longe, nos olhares que se cruzavam sem muitos dizeres verbais, que se queriam, mas não se tocavam...
Ela segue sobre os trilhos da linha de trem em direção à Vila dos Teimosos e, Tony, anjo fraco, contempla-a sumindo na escuridão.
... meses depois houve um reencontro deles e, como amigo, eu estava lá. Não tenho tanta certeza de minha amizade por aquele fraco anjo, mas enfim eu estava lá. Ele pouco me ensinava.
... mas ele estava lá, com o casaco tomado emprestado da mãe, calça social e um sapato 44 no pé, com preenchimento de papel para caber um pé 40. Sabe como é, né?
Ela, junto às amigas, olhavam-no atentamente e ele para ela. Um amigo em comum, não era eu, veio trazer o recado daquela moça sorridente, pois desejava conhecê-lo. Tony, sério, tenso, sem sorriso, disse um “não”, sem explicar. Talvez não entendessem sua explicação assim como não entenderam sua rejeição. Não podia, não naquele momento! Fiquei com dó dele e de suas covardias.
... ela se foi..., com uma blusa branca e saia verde, com aquelas nádegas pomposas, lindas. Ele seguiu-a até certo ponto. Ela, mesmo acompanhada, olhava de vez em quando para trás. Ele  não teve coragem de ir adiante. Quase chamei-o de covarde! Chamei, mas ele não me deu ouvidos. Vi outros rirem dele, dentro e fora dele!
Anos se passaram..., quando em meio a uma multidão, agora mais iluminado, Tony percebeu uma pessoa diferente escondendo-se por trás das pessoas. Era ela. Um novo encontro. Já não eram os mesmos. Eram pessoas diferentes, que se amaram nos olhares em algum momento da história deles. Ele tinha coragem, vontade e agora podia. Ela queria, mas não podia, menina transformada em mulher, quase selvagem, com cabelos preto e banco - dalmata, maltratada, vestidos maltrapilhos, pernas cabeludas, manchas na pele, bucho grande e puxando dois meninos...
 ... mas nos olhos ambos permaneciam os mesmos, eternos, sim naqueles profundos juvenis olhares de Andréia.!!!   ........ que se foram novamente sobre os trilhos do trem, num olhar de adeus!!! Silencioso!!!

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sábado, 30 de setembro de 2017

LABRADOR





LABRADOR

... eu o observava aqui de cima...!
 Aquele cão semibranco, se é que existe isso.
.............................. muito bonito. Correndo pelas gramas daquele belo jardim de casa americana.
 Cachorro com expressão de felicidade invejável aos humanos.
De repente, parece que percebe a minha presença,....
 Não sei como explicar isso, mas percebeu...!
 Sim, ele viu-me, acho!
 Saiu correndo, olhando para cima em minha direção, com aquela cara de felicidade e curiosidade.
Eu, aqui, dentro da bolha de sabão e o cão lá, embaixo, a olhar-me atentamente!!!

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sexta-feira, 1 de setembro de 2017

NO CEMITÉRIO...





Descendo por aquela Rua deserta, branca....!,
Olhava para o alto e lá estava ao meu lado aquele grande muro branco, puro?
Era o muro do cemitério!
De repente, bateu-me uma tensão, ... um medo!
Parei em frente ao portão do cemitério, com suas grades abertas. Surgia ali diante dos batentes, pois a entrada ficara muito alta [Havia ali batente duplo para a direita e para a esquerda], três homens dançantes, com um som de música hit. Pinoteavam de alegria, pois havia falecido seu irmão que tanto sofrera na vida, pois fora acometido de câncer aos trintas anos de idade. Sofreu até os 45 anos. Pura tormenta, segundo disse um deles.
Um desses homens estava sobre uma cadeira de rodas, com a cabeça caída para o lado direito, babando um pouco, mas vestido de paletó e calça social. Um de cada cor, especificamente com a calça verde e paletó vinho. Nada a ver. Ainda assim sorriu, pela vida! O segundo era homem comum, crente, vestido de social com camisa solta e amassada, parecia ter dormido com aquela roupa, silencioso. O terceiro, de terno, simples como os pastores de igrejas da periferia de Campina Grande, na Paraíba. Esse era muito falante, alegre e tinha um aspecto do delegado do alto da Compadecida. Cara engraçado. Foi um prazer conhecê-lo. Aquele crente saiu sorrindo e pinoteando em seu hit de alegria, dando glórias a Deus!
 Fiquei curioso para ver a cova de seu irmão e fui entrar no cemitério com medo e coragem ao mesmo tempo. Sem entender bem isso. Quando toquei o portão, um senhor tocou-me as costas. Que susto! Com flores roxas, ele pediu-me que a pegasse e entregasse a Katia, uma moça que estaria por trás da primeira cova a direita. Estranho isso. Mas um favor não se nega a ninguém. Ele disse que tinha medo da morte.
Virei-me e entrei, pesadamente. Quando de repente um vulto a esquerda. Era a menina moça que se escondera. Kátia? Tenho flores para você. Eu via a sua sombra ao chão, mas ela não quis sair de detrás do túmulo. Ficou ali escondida de mim. Não sei por quê. Joguei aquelas flores sobre a sombra e segui, com arrepios e muito medo. Comovido, voltei e fui olhar atrás do túmulo. Queria ver aquela menina. Ela não estava lá. Para onde deve ter ido, se foi, eu me perguntava. O arrepio aumentou. Vi o vulto correndo. Com medo disse que não tinha medo dela.
Seguindo entre as covas, senti muita vida entre os mortes. Todos eles queriam me dizer algo, me contar, confessar-se, pedir para levar um recado aos familiares. Não ouvia suas vozes. Eu as sentia na sensibilidade de um poeta. Era muita energia. Elas se aglomeravam ao meu lado, um tumulto. Elas se empurravam. Queriam ouvir minhas palavras rejeitadas pelos vivos. Discursei-lhes!!!
Engrandeci-me, mesmo em meio ao medo. Corri por entre as energias vivas ainda no misto de medo e coragem, de heroísmo e covardia, pulando feito garrote por entre as covas e fui-me dizendo adeus. Acenavam com as mãos, que não tinham, alegres pela minha visita.....


MAGNO HOLANDA

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sábado, 5 de agosto de 2017

ENCONTRO DE INFÂNCIAS



...lá estavam eles e eu apenas os acompanhavam com meu olhar aqui de cima. Eles não sabiam, mas eu os seguia. Aqueles meninos, cerca de cinco, um deles de camisa de vereador com gola extremamente folgada, outro verde, e outro com camisa branca também com a gola folgada, dois deles descalços e um com uma sandália em que a correia estava presa com um prego, num puro improviso.
 Aqueles meninos cheirando a barro, lama dos açudes que acabaram de mergulhar, seguiam em meio ao matagal em direção a suas casas, onde talvez suas mães já estivessem os aguardando com um cipó nas mãos.
...vão subindo um morro com trilha de terra, todos já suados, famintos, comendo pelo caminho valmora e tomates silvestres e, quando chegam a cima se esbarram com crianças brincando, não das brincadeiras deles, mas modernas. Os meninos sujos olhavam atentamente para eles, porém eles nem os percebiam, pois o celular não os permitiam levantar a cabeça. São os colunas tortas. Outros estavam brincando dentro de casa. Enquanto os sujos estavam desbravando aquelas regiões próximas, esses conheciam o mundo, desconhecendo os próximos.

Uns seguiram seus caminhos..., suas vidas e outros ficaram por ali tentando fazer amizade com aqueles garotos para que pudessem aprender a magia daquelas brincadeiras novas...........

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sábado, 8 de julho de 2017

...DE OLHO NA HUMANIDADE!




Olhos de robô que pisca...
.......................................... olhando a humanidade, gélida!
O robô lamentava a frieza dos humanos...........................!
O robô via o roubo da humanidade, a auto destruição......!
O robô via a humanidade culpando Deus, o Diabo, os ET´s, e .... os robôs!
..............................................................., não, os robôs não querem a aflição da humanidade
..............................................................., não querem ser humanos!
... mas apenas os observam, destruindo-se, mantando-se e corrompendo-se...!
Sim, os robôs são a parte mais humana da humanidade!!!


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sábado, 20 de maio de 2017

O GAROTO DA CADEIRA DE RODAS




... lá estava aquele garoto,  ... calmo, sereno, observador da vida. Quase passível. Mas só pudera, pois seu corpo não respondera bem às suas intenções ...! ... aos movimentos de sua alma...!
... eu estava  o observando aqui de meu mundo, embora ele não percebesse minha presença.
... ele estava  ali, em frente a sua simples casa, parecida mesmo com um barraco, sentado sobre uma velha cadeira de rodas, embaixo do alpendre, com a madeira estragada por cupins. O menino da cadeira de rodas apenas observava, naquela forte chuva, enquanto outro garoto estava brincando com uma bicicleta e até levantava as mãos com muita confiança...!
... as lágrimas dele desceu, ... e a minha também...!
... ele virou-se de repente e viu-me, acho. Seu olhar parecia uma oração. Retirei-me aflito. Não sei o que aconteceu, mas viu-me, com a caneta na mão.
Numa triste oração, com se fosse uma, ele perguntava por que eu o fiz daquela forma. Fiquei sem palavras. É difícil responder às lágrimas de uma criança.
Ele ficava se esforçando para levantar-se..., até cair da cadeira, cadeira de roda. Com a cara suja de lama, quase cobrindo seu olhos, uma água vermelha saindo pro trás de sua cabeça, ele simplesmente olhava para mim. Confesso que me senti culpado. Só queria contar sua história, disse a ele.
Não sei se ele conseguiu ouvir-me, mas vi quando ele deitado sobre a lama vira-se e, olhando para céu, olha para Deus. Eu não havia posto Deus nessa história, mas o olhar dele me desprezava e clamava por Deus. Como ele sabia de Deus?
Minha criatura era minha ou de si mesma? Ela estava criando Deus ou Deus penetrou dentro de meu enredo?
 Não tenho respostas, mas sai de lá aflito....
O garoto protagonista morreu ali, na chuva, olhando para Deus...................................

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sexta-feira, 7 de abril de 2017

REMINISCÊNCIA: MEU PRIMEIRO RELÓGIO





........... estava ali naquele lugar quente, meio desolado, num domingo ao meio dia. As pessoas haviam sido abduzidas para dentro de casa. Parece que ninguém podia sair, .... , mas os desbravadores eram incansáveis, sempre á procura da sorte....
 Naqueles dias, pulamos o muro da panificadora Carnaúba, de onde nos alegrávamos com as compras indevidas através de bilhetes que pegávamos no chão, que o diga Susú de Bau. Subimos por sobre as madeiras para queimar no fogaréu dos pães. Estava tudo fechado, mas mesmo assim o coração palpitava de medo.
... quando de repente, eu o vi, estava li jogado entre as madeiras. Parecia coisa de destino, nem mesmo sei como consegui vê-lo. Foi muito trabalho para resgatá-lo. Quando o peguei, sem correias, vi que estava funcionando perfeitamente. Era bonito e moderno. Saí emocionado para casa, parecia ter encontrado o tesouro dos piratas. Coisa de criança.
...chegando em casa, deparo-me com Geraldo Fantasia, que ao avistar o relógio, se propôs rapidamente a comprar e colocar as correias para mim. Fiquei meio desconfiado. Ele nunca havida me dado nada e muito menos sem pedir. Mas vamos lá dar um voto de confiança ao véi.
.... foi a última vez que vi meu tesouro, sim aquele relógio Casio, encontrado nos escombros de paus da carnaúba. Não parei para chorar, pois Fantasia mal parava em casa para ver nossas lágrimas. Chorar para quem...?
Não era apenas um relógio. Era um significado..., era uma magia,..., era coisa de criança..................................., que se foi! Quero meu relógio de volta!

MAGNO HOLANDA

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sexta-feira, 10 de março de 2017

CATEDRAL DA SOCIEDADE






Mundo,

Fundo ... final

Chão... sem igual

Mal...graal

Descendo ... tercendo
Negro espadado...violentado
Espumado...descriminado... seilado
Branco puto... não mais que o negro
Sonhador... com a dor... mor
... com a bruxa, luxa...
Invadindo o sonho ...

Pesadelo...graal

Puta... sem igual

Sociedade final

Mundo

 Magno Holanda

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

MENINO POBRE




.........................,......................................,...........................
Aquele garoto surgiu lá, negro, menino de rua, menino de rua até nos pensamentos..., pois a fome e a consciência demasiada de si mesma o acompanhavam em todas as suas vidas...,......., em todas as suas realidades....................................................
Caminhando por Ruas de terra, com uma câmera que achara no lixo, faminto e carente por sobre as gramas naturais de uma cidade de interior... cidade de Areial. Além da fome, um bombardeio de sentimentos acometia aquele bobo garoto aos 13 anos de idade. Aquilo era uma tormenta a cada ato de respiração.
Caminhando até a linha de trem, próximo à Pocinhos, foi ficcionando a vida e se acompanhando de alguns amigos imaginários. Sentou-se a olhar algumas vacas..., pardas..., magras..., famintas..., amigas, que apenas o olhavam de voltar, atentas.
Dormiu profundamente, aquele garoto, para enganar suas adversárias, mas sem largar sua câmera velha. Fui lá até ele, sem ele saber e passei a mão sobre seu cabelo liso, suado e jogado sobre a testa. Tive uma sensação estranha. Senti a mim mesmo.
.... horas depois... despertou de epopeia... faminto... mais ainda. As vaquinhas já tinham ido. Mas estava tudo gravado na sua câmera: no coração..., na vida.
Levantou-se... e aplaudindo, triste, começa a despedir-se de seus amigos, de sua história,  de sua ficção, de seus personagens, do velho que falava numa língua ininteligível..., da casa sem sofá, sem nada, apenas uma mesa e um mendigo jogado ao chão. Seu pai? Casa de alguém que o amava, Sophia.
Eis... uma casa com uma varanda... na cidade de Areial, na Paraíba. Sophia se declara e Mithiel a rejeita, pois existia outra personagem por quem estava tão encantado, como Machado amava Capitú. Enquanto isso o mendigo só faz dormir. Quando acordou gritou alto: “Deuuuuuuuuuuss” e dançou num ritual indígena ao redor de Mithiel e de Sophia, a bela de “e o vento levou”. Era assim que eu a via, aqui de cima.
Tentou, aquele menino anjo, anjo menino, manter-se vivo,... se alegrar num bar da esquina, pulou, gritou ao lado dos barrigas cheias..., mas não gastou o que não tinha pra gastar. Conteve-se. Mas, em seu momento de desespero, o velho, seu Adão, mendigo, acompanhou-o sem o largar, experimentou o que o menino experimentava..., suas sensações..., mas era o velho apenas um personagem? Já não sei...! a mente daquele menino era muito complexa.
Correu à procura de sua câmera, pois queria gravar aqueles últimos instantes ao lado da casa ficcional, onde viveu suas grandes e verdadeiras alegrias, na realidade paralela, onde também esteve seu grande amor platônico: Sabrina...
Foi rapidamente a uma igreja Batista, estático. Depois de uma bela comida, dividida é claro com aqueles personagens que correram até lá..., que não queriam sua partida..., pois seria a partida inversa deles também. Mithiel morreria para um lado e eles para outro...
Depois de enfim comer..., sentiu seu rosto se deformando, caiu ao chão e foi ao encontro dos seres irreais..., ainda desconhecidos. Sinto-me só..., dizia. Sentia falta de seus seres reais da ficção.  A última vez que o vi, ele estava  a gritar: utopia!!! Mate minha fome...!!!

                                          
                                  MAGNO HOLANDA

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sábado, 14 de janeiro de 2017

BICUDO: NEGRO ALBINO - REMINISCÊNCIAS




... aquele menino de rua, que tinha casa simples, casebre, pouco habitada por ele, adorava estar em meio de Rua, com os pés descalços. Ele era diferente de todos nós. Não brincava conosco e, apesar de traquino, pouco falava. Nunca o ouvi falar uma frase completa. Cheguei até a apensar que fosse mudo, mas não era.
...aquele menino de rua pedia esmolas para saciar sua fome e da família. Costumava vestir-se de macaquito jeans, única roupa que parecia ter, sem camisa, branco em corpo de negro, sim, toda a sua musculatura e aparência era africana, mas não era. Era galego. Era negro albino. Não como os inventados de hoje. Ele era original.

Ele adorava acompanhar o Boi da Borborema até que um dia ao lado do mercado do Severino Cabral, em Campina Grande, onde hoje se encontra a igreja O Brasil para Cristo, o Boi da Borborema, deu-lhe uma chifrada forte. Aquele menino de Rua caiu aos meus pés, sobre aquele piso grosso de cimento. O sangue era derramado de sua boca, peito e mãos, assim como sua admiração fantástica pelo Boi da Borborema. Tudo ficara ali naquele lugar. Nenhuma Velha da Bundona foi acudi-lo e nem o Boi. Levantei-o e com a boca cheia de sangue e olhar triste seguiu em direção a sua casa... e de longe olhou para trás e acenou com a mão. O negro albino continuou em seu silêncio, acompanhado de seu irmão Nildo, falecido em meio ao crime.
Aquele.... menino de Rua nunca mais seguiu O Boi.... e sumiu até do bairro das Malvinas. Fora morar ali perto, na Ramada 2, onde encontrei-o pela última vez, totalmente drogado, descalço e olhava-me passando, como se dialogasse com aquele olhar. Tempos depois aquele menino de .....Rua partiu..., assim como Peter Pan, continuou menino para sempre, misturou-se com o Silêncio da Vida. Bicudo não sabia, mas era observado e era comunicativo em seu silêncio............................................................................................, agora eterno!


MAGNO HOLANDA

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