domingo, 5 de novembro de 2017

SOBRE TRILHOS DA LINHA DE TREM




... ele a viu por acaso, acaso do destino, ...de um fraco destino, mas destino. Ela estava ali nos corredores de uma igreja cristã, no Pedregal, na cidade de Campina Grande. Lá estavam aqueles belos olhos, ora castanho claro ora verdes, fixados nele. Seus olhos nela, completamente nela. Eu estava presente e vi tudo, até pelos olhos dele. Ele se emocionou, pude sentir isso, nas energias que vibravam no pulsar do coração. Era um misto de alegria e tristeza...
Aquela saia um pouco curta, vermelha sangue, sobre aquelas belas pernas, roliças, brancas, juvenis, enlouqueciam-nos. Sim a mim também, mas assim como ele, não podia tocá-las, embora ardesse em febre. Ele tinha o motivo dele, eu tinha o meu. Tudo o que ele queria era tê-las e, os olhos de Andréia as ofereciam, mas ele não podia. Nem eu.
... e tinha vergonha de não poder...
Ao final daquela festividade religiosa, ele, Tony, a perseguia ao longe, nos olhares que se cruzavam sem muitos dizeres verbais, que se queriam, mas não se tocavam...
Ela segue sobre os trilhos da linha de trem em direção à Vila dos Teimosos e, Tony, anjo fraco, contempla-a sumindo na escuridão.
... meses depois houve um reencontro deles e, como amigo, eu estava lá. Não tenho tanta certeza de minha amizade por aquele fraco anjo, mas enfim eu estava lá. Ele pouco me ensinava.
... mas ele estava lá, com o casaco tomado emprestado da mãe, calça social e um sapato 44 no pé, com preenchimento de papel para caber um pé 40. Sabe como é, né?
Ela, junto às amigas, olhavam-no atentamente e ele para ela. Um amigo em comum, não era eu, veio trazer o recado daquela moça sorridente, pois desejava conhecê-lo. Tony, sério, tenso, sem sorriso, disse um “não”, sem explicar. Talvez não entendessem sua explicação assim como não entenderam sua rejeição. Não podia, não naquele momento! Fiquei com dó dele e de suas covardias.
... ela se foi..., com uma blusa branca e saia verde, com aquelas nádegas pomposas, lindas. Ele seguiu-a até certo ponto. Ela, mesmo acompanhada, olhava de vez em quando para trás. Ele  não teve coragem de ir adiante. Quase chamei-o de covarde! Chamei, mas ele não me deu ouvidos. Vi outros rirem dele, dentro e fora dele!
Anos se passaram..., quando em meio a uma multidão, agora mais iluminado, Tony percebeu uma pessoa diferente escondendo-se por trás das pessoas. Era ela. Um novo encontro. Já não eram os mesmos. Eram pessoas diferentes, que se amaram nos olhares em algum momento da história deles. Ele tinha coragem, vontade e agora podia. Ela queria, mas não podia, menina transformada em mulher, quase selvagem, com cabelos preto e banco - dalmata, maltratada, vestidos maltrapilhos, pernas cabeludas, manchas na pele, bucho grande e puxando dois meninos...
 ... mas nos olhos ambos permaneciam os mesmos, eternos, sim naqueles profundos juvenis olhares de Andréia.!!!   ........ que se foram novamente sobre os trilhos do trem, num olhar de adeus!!! Silencioso!!!

Por MAGNO HOLANDA

PIX: magno.holanda@hotmail.com 
Sou escritor e produtor de conteúdo. Se gostou, faça a doação/pagamento do valor de 0,10 centavos por acesso. Se não gostou, é grátis. 
Também pode ajudar compartilhando ou ainda clicando nos anúncios que há dentro do blog.



VISITE E DIVULGUE O BLOG DE OPINIÃO E REFLEXÃO DO PROF MAGNO HOLANDA http://magnoholanda.blogspot.com.br/