... ele a viu por acaso, acaso do destino, ...de um fraco
destino, mas destino. Ela estava ali nos corredores de uma igreja cristã, no
Pedregal, na cidade de Campina Grande. Lá estavam aqueles belos olhos, ora
castanho claro ora verdes, fixados nele. Seus olhos nela, completamente nela.
Eu estava presente e vi tudo, até pelos olhos dele. Ele se emocionou, pude
sentir isso, nas energias que vibravam no pulsar do coração. Era um misto de
alegria e tristeza...
Aquela saia um pouco curta, vermelha sangue, sobre aquelas
belas pernas, roliças, brancas, juvenis, enlouqueciam-nos. Sim a mim também,
mas assim como ele, não podia tocá-las, embora ardesse em febre. Ele tinha o
motivo dele, eu tinha o meu. Tudo o que ele queria era tê-las e, os olhos de
Andréia as ofereciam, mas ele não podia. Nem eu.
... e tinha vergonha de não poder...
Ao final daquela festividade religiosa, ele, Tony, a
perseguia ao longe, nos olhares que se cruzavam sem muitos dizeres verbais, que
se queriam, mas não se tocavam...
Ela segue sobre os trilhos da linha de trem em direção à Vila
dos Teimosos e, Tony, anjo fraco, contempla-a sumindo na escuridão.
... meses depois houve um reencontro deles e, como amigo, eu
estava lá. Não tenho tanta certeza de minha amizade por aquele fraco anjo, mas
enfim eu estava lá. Ele pouco me ensinava.
... mas ele estava lá, com o casaco tomado emprestado da mãe,
calça social e um sapato 44 no pé, com preenchimento de papel para caber um pé
40. Sabe como é, né?
Ela, junto às amigas, olhavam-no atentamente e ele para ela.
Um amigo em comum, não era eu, veio trazer o recado daquela moça sorridente,
pois desejava conhecê-lo. Tony, sério, tenso, sem sorriso, disse um “não”, sem
explicar. Talvez não entendessem sua explicação assim como não entenderam sua
rejeição. Não podia, não naquele momento! Fiquei com dó dele e de suas
covardias.
... ela se foi..., com uma blusa branca e saia verde, com
aquelas nádegas pomposas, lindas. Ele seguiu-a até certo ponto. Ela, mesmo
acompanhada, olhava de vez em quando para trás. Ele não teve coragem de ir adiante. Quase
chamei-o de covarde! Chamei, mas ele não me deu ouvidos. Vi outros rirem dele,
dentro e fora dele!
Anos se passaram..., quando em meio a uma multidão, agora
mais iluminado, Tony percebeu uma pessoa diferente escondendo-se por trás das
pessoas. Era ela. Um novo encontro. Já não eram os mesmos. Eram pessoas
diferentes, que se amaram nos olhares em algum momento da história deles. Ele
tinha coragem, vontade e agora podia. Ela queria, mas não podia, menina
transformada em mulher, quase selvagem, com cabelos preto e banco - dalmata,
maltratada, vestidos maltrapilhos, pernas cabeludas, manchas na pele, bucho
grande e puxando dois meninos...
... mas nos olhos
ambos permaneciam os mesmos, eternos, sim naqueles profundos juvenis olhares de
Andréia.!!! ........ que se foram
novamente sobre os trilhos do trem, num olhar de adeus!!! Silencioso!!!
Por MAGNO HOLANDA
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