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Aquele garoto
surgiu lá, negro, menino de rua, menino de rua até nos pensamentos..., pois a
fome e a consciência demasiada de si mesma o acompanhavam em todas as suas
vidas...,......., em todas as suas realidades....................................................
Caminhando por Ruas
de terra, com uma câmera que achara no lixo, faminto e carente por sobre as
gramas naturais de uma cidade de interior... cidade de Areial. Além da fome, um
bombardeio de sentimentos acometia aquele bobo garoto aos 13 anos de idade. Aquilo
era uma tormenta a cada ato de respiração.
Caminhando até a
linha de trem, próximo à Pocinhos, foi ficcionando a vida e se acompanhando de
alguns amigos imaginários. Sentou-se a olhar algumas vacas..., pardas...,
magras..., famintas..., amigas, que apenas o olhavam de voltar, atentas.
Dormiu
profundamente, aquele garoto, para enganar suas adversárias, mas sem largar sua
câmera velha. Fui lá até ele, sem ele saber e passei a mão sobre seu cabelo
liso, suado e jogado sobre a testa. Tive uma sensação estranha. Senti a mim
mesmo.
.... horas
depois... despertou de epopeia... faminto... mais ainda. As vaquinhas já tinham
ido. Mas estava tudo gravado na sua câmera: no coração..., na vida.
Levantou-se... e
aplaudindo, triste, começa a despedir-se de seus amigos, de sua história, de sua ficção, de seus personagens, do velho
que falava numa língua ininteligível..., da casa sem sofá, sem nada, apenas uma
mesa e um mendigo jogado ao chão. Seu pai? Casa de alguém que o amava, Sophia.
Eis... uma casa com
uma varanda... na cidade de Areial, na Paraíba. Sophia se declara e Mithiel a
rejeita, pois existia outra personagem por quem estava tão encantado, como
Machado amava Capitú. Enquanto isso o mendigo só faz dormir. Quando acordou
gritou alto: “Deuuuuuuuuuuss” e dançou num ritual indígena ao redor de Mithiel
e de Sophia, a bela de “e o vento levou”. Era assim que eu a via, aqui de cima.
Tentou, aquele
menino anjo, anjo menino, manter-se vivo,... se alegrar num bar da esquina,
pulou, gritou ao lado dos barrigas cheias..., mas não gastou o que não tinha
pra gastar. Conteve-se. Mas, em seu momento de desespero, o velho, seu Adão, mendigo,
acompanhou-o sem o largar, experimentou o que o menino experimentava..., suas
sensações..., mas era o velho apenas um personagem? Já não sei...! a mente
daquele menino era muito complexa.
Correu à procura de
sua câmera, pois queria gravar aqueles últimos instantes ao lado da casa
ficcional, onde viveu suas grandes e verdadeiras alegrias, na realidade
paralela, onde também esteve seu grande amor platônico: Sabrina...
Foi rapidamente a
uma igreja Batista, estático. Depois de uma bela comida, dividida é claro com
aqueles personagens que correram até lá..., que não queriam sua partida...,
pois seria a partida inversa deles também. Mithiel morreria para um lado e eles
para outro...
Depois de enfim
comer..., sentiu seu rosto se deformando, caiu ao chão e foi ao encontro dos
seres irreais..., ainda desconhecidos. Sinto-me só..., dizia. Sentia falta de
seus seres reais da ficção. A última vez
que o vi, ele estava a gritar: utopia!!!
Mate minha fome...!!!
MAGNO HOLANDA