sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

MENINO POBRE




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Aquele garoto surgiu lá, negro, menino de rua, menino de rua até nos pensamentos..., pois a fome e a consciência demasiada de si mesma o acompanhavam em todas as suas vidas...,......., em todas as suas realidades....................................................
Caminhando por Ruas de terra, com uma câmera que achara no lixo, faminto e carente por sobre as gramas naturais de uma cidade de interior... cidade de Areial. Além da fome, um bombardeio de sentimentos acometia aquele bobo garoto aos 13 anos de idade. Aquilo era uma tormenta a cada ato de respiração.
Caminhando até a linha de trem, próximo à Pocinhos, foi ficcionando a vida e se acompanhando de alguns amigos imaginários. Sentou-se a olhar algumas vacas..., pardas..., magras..., famintas..., amigas, que apenas o olhavam de voltar, atentas.
Dormiu profundamente, aquele garoto, para enganar suas adversárias, mas sem largar sua câmera velha. Fui lá até ele, sem ele saber e passei a mão sobre seu cabelo liso, suado e jogado sobre a testa. Tive uma sensação estranha. Senti a mim mesmo.
.... horas depois... despertou de epopeia... faminto... mais ainda. As vaquinhas já tinham ido. Mas estava tudo gravado na sua câmera: no coração..., na vida.
Levantou-se... e aplaudindo, triste, começa a despedir-se de seus amigos, de sua história,  de sua ficção, de seus personagens, do velho que falava numa língua ininteligível..., da casa sem sofá, sem nada, apenas uma mesa e um mendigo jogado ao chão. Seu pai? Casa de alguém que o amava, Sophia.
Eis... uma casa com uma varanda... na cidade de Areial, na Paraíba. Sophia se declara e Mithiel a rejeita, pois existia outra personagem por quem estava tão encantado, como Machado amava Capitú. Enquanto isso o mendigo só faz dormir. Quando acordou gritou alto: “Deuuuuuuuuuuss” e dançou num ritual indígena ao redor de Mithiel e de Sophia, a bela de “e o vento levou”. Era assim que eu a via, aqui de cima.
Tentou, aquele menino anjo, anjo menino, manter-se vivo,... se alegrar num bar da esquina, pulou, gritou ao lado dos barrigas cheias..., mas não gastou o que não tinha pra gastar. Conteve-se. Mas, em seu momento de desespero, o velho, seu Adão, mendigo, acompanhou-o sem o largar, experimentou o que o menino experimentava..., suas sensações..., mas era o velho apenas um personagem? Já não sei...! a mente daquele menino era muito complexa.
Correu à procura de sua câmera, pois queria gravar aqueles últimos instantes ao lado da casa ficcional, onde viveu suas grandes e verdadeiras alegrias, na realidade paralela, onde também esteve seu grande amor platônico: Sabrina...
Foi rapidamente a uma igreja Batista, estático. Depois de uma bela comida, dividida é claro com aqueles personagens que correram até lá..., que não queriam sua partida..., pois seria a partida inversa deles também. Mithiel morreria para um lado e eles para outro...
Depois de enfim comer..., sentiu seu rosto se deformando, caiu ao chão e foi ao encontro dos seres irreais..., ainda desconhecidos. Sinto-me só..., dizia. Sentia falta de seus seres reais da ficção.  A última vez que o vi, ele estava  a gritar: utopia!!! Mate minha fome...!!!

                                          
                                  MAGNO HOLANDA

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